AS ESTRELAS CAIRÃO DO CÉU
Oh! como é bela a luz do Senhor! que brilho prodigioso espalham seus raios! Santa Sião! bem-aventurados os que estão sentados à sombra de teus tabernáculos! Oh! que harmonia é comparável às esferas do Senhor? Beleza incompreensível para olhos mortais, incapazes de perceber tudo quando não depende do domínio dos sentidos!

Aurora esplêndida de um dia novo, o Espiritismo vem iluminar os homens. Os clarões mais fortes já aparecem no horizonte; os Espíritos das trevas, vendo que seu império vai desmoronar, são vítimas de raivas impotentes e já põem sua última energia em complôs infernais; o anjo radioso do progresso já estende suas brancas asas coloridas; as virtudes dos céus já se abalam e as estrelas caem de sua abóbada, mas transformadas em puros Espíritos, que vêm, como anuncia a Escritura em linguagem figurada, proclamar sobre as ruínas do velho mundo o advento do Filho do Homem.

Bem-aventurados aqueles cujos corações estão preparados para receber a semente divina, que os Espíritos do Senhor lançam a todos os ventos do céu! Bem-aventurados os que cultivam, no santuário da alma, as virtudes que o Cristo lhes veio ensinar, e que ainda lhes ensina pela voz dos médiuns, isto é, dos instrumentos que repetem as palavras dos Espíritos! Bem-aventurados os justos, porque o reino dos céus lhes pertencerá!

Ó, meus amigos! continuai a marchar no caminho que vos é traçado; não vos constituais em obstáculos à verdade que quer esclarecer o mundo. Não; sede propagadores zelosos e infatigáveis como os primeiros apóstolos, que não tinham teto para abrigar suas cabeças, mas que marchavam para a conquista que Jesus havia começado; que marchavam sem ideia preconcebida, sem hesitação; que tudo sacrificavam, até a última gota de seu sangue, a fim de que o Cristianismo fosse implantado.

Vós, meus amigos, não necessitais de sacrifícios tão grandes. Não; Deus não vos pede vossa vida, mas o vosso coração, vossa boa vontade. Sede, pois, zelosos e marchai unidos e confiantes, repetindo a palavra divina: “Meu Pai, que seja feita a vossa vontade, e não a minha!”

Dupuch, bispo de Argel

Bordeaux, 1863

Allan Kardec - Revista espírita — Ano XI — Fevereiro de 1868.