SER ÚTIL EXERCITANDO A PRÁTICA DO BEM

"Haverá quem, pela sua posição, não tenha possibilidade de fazer o Bem?”

“Não há quem não possa fazer o Bem. Somente o egoísta nunca encontra ensejo de o praticar. Basta que se esteja em relações com outros homens para que se tenha ocasião de fazer o Bem, e não há dia da existência que não ofereça, a quem não se ache cego pelo Egoísmo, oportunidade de praticá-lo. Porque, fazer o Bem não consiste, para o homem, apenas em ser caridoso, mas em ser útil, na medida do possível, todas as vezes que o seu concurso venha a ser necessário”. (Resposta da questão 643 de O Livro dos Espíritos)

Com efeito, TODOS estamos em condições de fazer o Bem,

E fazer o Bem, ao contrário do que à primeira vista possa parecer, não é somente doar um pedaço de pão a quem tem fome, um par de sapatos a quem está descalço, um agasalho a quem não tem onde se abrigar ou, como é mais comum, repassar algum dinheiro para as necessidades mais urgentes de outrem, conquanto tudo isso seja excelente e deveras importante, servindo também, no mínimo, de treinamento para o desapego dos bens materiais, que ninguém levará para o outrolado da vida, a vida espiritual, de onde todos proviemos e para onde todos retornaremos, e, simultaneamente, valendo como exercício da caridade que, no dizer do apóstolo Paulo de Tarso, “é o amor em ação”.

Fazer o Bem é ser útil, na medida do possível; é doar-se, doando um pouco do seu tempo, da atenção, do carinho, da amizade, do respeito, da compreensão, do amor…

E todos, sem exceção, podemos ser úteis, doando-nos, como, por exemplo, quando ouvimos com atenção e interesse o interlocutor aflito, desejoso de conhecer outra opinião ou, pelo menos, de desabafar, aliviando-se da angústia ou da ansiedade.

Por igual, quando conseguimos impor silêncio à tentação de reclamar, o que seguramente aumentaria a confusão, pacificando quanto possível o ambiente em que nos encontramos, optando pelo entendimento, sempre.

Também podemos ser úteis no dia-a-dia, nas mínimas coisas, prestando informação correta a quem não seja da cidade; auxiliando um cego a atravessar a rua; visitando um doente que esteja hospitalizado, levando-lhe uma palavra de esperança; oferecendo-nos para a realização de trabalhos diversos, nos mais variados campos, sem esperar pela convocação; trabalhando, enfim, com capricho em tudo o que fizermos, nas tarefas simples ou nas complexas, cumprindo por esse modo a nossa parte e contribuindo para a harmonia e o equilíbrio das relações sociais, uma vez que vivemos em regime de interdependência, vale dizer, dependemos uns dos outros.

Não praticar o mal, portanto, é um bom começo, mas não é por si suficiente.

Não basta.

É preciso, é absolutamente indispensável, que haja a prática do Bem. E, a despeito das aparências em contrário, só o Bem é real e permanente!
(Jornal Mundo Espírita de Junho de 1998)